Viagem para Salvador
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Viagem para Salvador


Eu precisava ir buscar a carteira do Conselho de Veterinária... mas precisava de uma carona. A situação tava apertada e eu não poderia pagar um ônibus pra lá, seriam 120 reais. Complicado. Então a cada consulta eu comentava que precisava de uma carona, só comentário, se alguém oferecesse, ÓTIMO.
Então um dia um cliente me liga, dizendo que a esposa e a filha viajariam para Salvador naquela noite, se eu não queria ir junto, alguém havia morrido, estavam indo para o enterro. "Ah, claro, muito obrigada!!" Ele era dono de um restaurante, levou os cachorros uma vez, gastou bem, gostava de cães, um cliente legal.
Marquei a hora e o Beto me levou na casa do cidadão. Demorou para o transporte chegar, era um taxi, quando chegou o cliente falou: "pois é doutora, o taxi cobra 500 pra levar e trazer, a gente paga metade e a senhora paga o resto"
"O queeeeeee??????????, não, me desculpe, achei que fosse uma carona, e mesmo assim, o máximo que eu poderia pagar seria o que eu gastaria para ir, 120 reais." e pronta para ir pra casa
o Cliente então disse: "tá certo doutora, eu teria que pagar 500, aceito os 120."
Mas eu não ofereci, entende!!! Acontece que foi uma época da minha vida que eu tinha medo de dizer não, medo de magoar, de contradizer, etc, acabei aceitando a oferta. Beto falava "vamos embora... cê tá doida" e eu dizia" ah Beto, é bom que eu já pego logo isso, amanhã é sexta feira e eu to de volta", o taxi voltaria no mesmo dia.
Então chegou o taxi, um monza antigão, cheio de barulho, e dentro do mesmo estavam o taxista, a esposa e a filha de uns 3 anos. Iríamos seis em um taxi. O taxista, a esposa, a filha (para aproveitarem a viagem já que não conheciam Salvador) a esposa do cliente, a filha, de uns 5 anos e eu. Mais uma vez a Santa Burrinha da Passividade me disse "vai minha filha, você disse que ia, eles vão ficar tristes". Lá fomos nós
Era de noite, paramos para abastecer. O taxista então olha pra trás e diz: então senhoras, o dinheiro!!
A cliente não tinha tirado dinheiro, e o taxista parecia não ter, eu então coloquei 120 reais de gasolina, já pagando minha parte. Lá fomos nós.
O carro tava apertado, rangia por todos os lados, o taxista ia a 80 por hora.... de repente... BUM. estoura um pneu!!!. em plena madrugada, lá estávamos nós paradas na beira da estrada trocando o pneu do taxi. Depois de uma hora continuamos viagem. Eu fechava os olhos e fingia não estar ali, eu pensava "por que eu tava no consultório quando esse cliente levou o cachorro?? por que?? por que??" na verdade eu deveria dizer "por que eu não disse não?"
A viagem foi a mais longa que já estive, passei um medo, passei um frio. Finalmente chegamos lá.
Eles perguntaram onde eu ficaria, eu disse que na casa de uma amiga, mas o bairro era longe e o taxi não queria me levar. Daí eu apelei pra verdade: moço, eu to sem dinheiro, você vai ter que me levar lá!!
Me levaram a contra gosto.
Eu cheguei e contei minha aventura, minha amiga e a mãe ficaram indignadas. Lá fui eu pegar um ônibus pra ir pro conselho... eu me lembro até que dia foi, dia 22 para 23 de junho de 2004 que era Véspera de São João... sexta feira, e O CONSELHO ESTAVA FECHADO!!!!!!
Eu não acreditei, como eu não pensei nisso? feriado de São João na Bahia é sagrado....
Voltei indignada pra casa, não peguei minha carteira, e ainda teria que voltar no taxi do horror.
Enfim, passei o dia com minha amiga, dormi, liguei pro cliente e pro taxista o dia todo.... celulares desligados. De noite o cliente me fala que o enterro foi adiado e que a esposa voltaria depois (quem adia um enterro? tipo, ' hoje o defunto está indisposto'!!!!) e nem ela sabia como ia voltar pois o taxista sumiu fazendo turismo em Salvador.
Eu pedi dinheiro pra mamãe e peguei um ônibus de volta naquela noite, para chegar em Ilhéus às 5 da manhã seguinte, um pouco aliviada por estar indo de ônibus, sem dinheiro, sem carteira e com raiva de um cliente que nunca ia ouvir desaforos pois sou PASSIVA!!!! Ah que ódio de mim!
Acabou que esse cliente não voltou mais, nunca me pagou os 60 reais que eu paguei da volta, faliu, a esposa largou... e hoje é taxista.
Quem manda se aproveitar de uma veterinária quebrada!!

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